Primeiros socorros em trilhas
Você não precisa ser um socorrista experiente para
conseguir ajudar alguém que se machucou no meio da natureza. Mas algumas coisas
são fundamentais ter em mente e alguns procedimentos são padrões. A lista a
seguir serve apenas para orientá-lo e não pretende substituir um curso prático,
que é sempre muito útil para quem está constantemente ao ar livre, longe do
acesso a hospitais e socorros profissionais.
Duas coisas são fundamentais: evitar os acidentes e PENSAR! Pense primeiro e
aja depois… E não esqueça que a regra de qualquer socorrista é “não se tornar a
próxima vítima”!
O que fazer imediatamente após acontecer um acidente?
- Acima de tudo, mantenha a calma e PENSE! Não existe emergência que não permita gastar alguns poucos segundos pensando na melhor forma de agir;
- Examine o acidentado cuidadosamente, na exata posição em que foi encontrado – a menos que isso seja impossível. Não o mexa até que você saiba exatamente qual é a seriedade do acidente;
- Simultaneamente e imediatamente verifique o pulso (coração) e a respiração, checando também a perda exagerada de sangue. Veja como o coração está batendo nas artérias do braço ou do pescoço. E cheque se a pessoa perdeu os sentidos. Estes são os únicos problemas que exigem tratamento imediato, pois são situações que podem matar rapidamente!
- Em seguida, examine ferimentos na cabeça, choques, fraturas, deslocamentos, lacerações etc.;
- Conforte o acidentado;
- A pessoa responsável por tomar as decisões e coordenar o trabalho do grupo deve ser a que tem mais experiência em primeiros socorros em ambientes naturais. Lembre-se que é sempre melhor ser ‘pessimista’ e programar para que o grupo evacue o acidentado que, provavelmente, não terá condições de sair do local sozinho, sem ajuda;
Possíveis ocorrências em trilhas:
- Fraturas, entorses e luxações: Se a fratura pode ser exposta, o que complicará o socorro a esta vítima, entorses e luxações não o são, mas complicam a vida de quem os sofreu do mesmo jeito. Dor ao se movimentar e, muitas vezes, até impossibilidade de andar. Independentemente do que seja, trate como se fosse fratura e imobilize-o, não se preocupando em colocar o osso no lugar. Faça um acolchoado em volta do membro fraturado e prenda uma tala, que pode ser feita com o isolante térmico, por exemplo, prendendo-a acima e abaixo do local fraturado – nunca em cima. De tempos em tempos, verifique o pulso abaixo do local fraturado, para ter certeza de que sua tala não está interferindo na circulação;
- Cortes e bolhas: A melhor forma de assepsia é lavar com água abundante e sabão neutro, se for suportável. Procure fazer um curativo com as mãos limpas e com gazes estéreis. No caso das bolhas, procure não deixar que elas se formem, colocando um esparadrapo no local. Portanto, ao menor sinal de irritação ou queimação nos pés, pare e cuide-os. Se elas já se instalaram, faça um curativo com um buraco no meio, para que distribua melhor a pressão exercida sobre elas. Procure não a estourar. Se já o fez, trate-a como um ferimento qualquer, lavando-a e fazendo um curativo;
- Queimaduras: As de sol são facilmente evitadas com o uso de bloqueadores solares, roupas ventiladas e chapéus. As queimaduras feitas em fogo (fogareiros etc.) devem ser tratadas apenas com água fria e cobertas com um curativo de gaze. Não passe nada sobre uma queimadura a não ser vaselina estéril. Não tem? Passe mel. E só – esqueça pastas de dentes e soluções caseiras. Se a queimadura for de 3º Grau e tiver afetado 10% do corpo (ou mesmo 2º grau que tenha afetado 20% do corpo), evacue imediatamente e procure um hospital;
- Calor, insolação e desidratação: Não descuide a hidratação – nunca! Procure repor também o sal e esteja sempre protegido do sol, com chapéus, protetores solares etc. E lembre-se que a insolação (aumento da temperatura corporal), pode matar tanto quanto a hipotermia;
- Hipotermia: A nossa temperatura corporal é de 36-38º. A hipotermia começa a ser definida quando a temperatura basal cai a cerca de 35º. Hipotermia branda, apesar de não causar a morte, é bastante perigosa e pode ser de difícil detecção, já causando uma série de distúrbios como calafrios, destreza manual reduzida, cansaço, afeta o julgamento e a pessoa pode ficar propensa a discutir, além de não cooperar com a sua própria recuperação;
A hipotermia moderada vem associada a calafrios
violentos, a coordenação muscular e as habilidades mentais são afetadas e é
aqui que a pessoa pode simplesmente ‘se deixar morrer’, pois perde a capacidade
de discernimento. Perdemos a consciência quando nosso corpo chega a 30º. Na hipotermia
profunda, tanto a respiração quanto os batimentos cardíacos podem acontecer ao
ritmo de apenas um ou dois por minuto! O coração para quando a temperatura
chega a 20º.
Mais importante que tudo isso: saia de casa
programado e protegido – com roupas e comida suficiente para aquilo que se
propôs a fazer.
(Fonte: https://trilhaserumos.com.br/…/primeiros-socorros-em-trilh…/)

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